URBANIDADE PERDIDA

Blumenau, que foi referência no Brasil pela elaboração de um Projeto Cicloviário, caminha a passos largos para o atraso. As ruas são somente para carros e o poder público absteve-se da obrigação do controle da velocidade. Hoje, veículos motorizados estacionam em qualquer espaço disponível. Calçadas e ciclofaixas viraram estacionamento e ponto final. Com o afastamento das pessoas das ruas, abre-se espaço para a marginalidade agir. E com a comemoração do Dia Mundial Na Cidade Sem Meu Carro em Blumenau reduzida a uma praça, nada temos a comemorar. Isto diante do completo desmantelamento de grande parte das ciclofaixas e calçadas. Desprotegidas, reduzidas a um espaço inútil e esburacadas, com graves imperfeições, perceptíveis somente pelos que caminham ou pedalam. Só resta-nos aguardar que algum dia, quem sabe, surja planejadores que de fato pensem em obras menores e baratas, mas de grande alcance social e democrático.

É com muita tristeza que lanço este desabafo. Após 15 anos de trabalho voluntário, vejo o Projeto Cicloviário de Blumenau (ser) deformado. Pior, o que é feito, ocorre sem critérios técnicos ou práticos. Ou seja, é projetado, executado e fiscalizado por quem não pedala e nem caminha pela cidade. O resultado, nós ciclistas e pedestres, conhecemos muito bem.

Pelas circunstâncias atuais nós, da ABC – Associação Blumenauense pró-Ciclovias, abdicamos inclusive da participação no desfile de Aniversário de Blumenau. Porém, faremos a nossa programação, pelo carinho que temos pela cidade onde nascemos e moramos. Ao contrário daqueles de passagem que por aqui aterrissam para usurpar de créditos políticos.

Uma cidade somente será atrativa turisticamente quando seus habitantes sentirem-se prestigiados e livres para caminhar e pedalar. As ruas nada mais são do que a continuidade dos nossos quintais.

Com minhas cordiais saudações cicloviárias, sempre. Por uma cidade mais feliz!

WILBERTO BOOS/ ENTÃO SECRETÁRIO EXECUTIVO DA ABC

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